Criação da FEAB

1 - O MOVIMENTO ESTUDANTIL DA AGRONOMIA 

Autor: Agrônomo Claudinei Chalito.

O Movimento Estudantil da Agronomia teve início há mais de 40 anos. A primeira organização Estudantil ocorreu juntamente com os Estudantes de Medicina Veterinária, onde foi criada em 1951, a União dos Estudantes de Agronomia e Veterinária do Brasil (UEAVB), durante o II Congresso Nacional dos Estudantes de Agronomia e Veterinária. Esta organização durou somente até 1955, onde os Estudantes de Agronomia criaram sua própria organização. Ocorreram de 1950 até 1953, os Congressos Nacional dos Estudantes de Agronomia e Veterinária. Em 1954, os Estudantes de Agronomia realizaram o seu primeiro congresso, na época CBEA – Congresso Brasileiro de Estudantes de Agronomia. Durante o II CBEA foi criado o Diretório Central dos Estudantes de Agronomia do Brasil (DCEAB).

Nos seus primeiros congressos, os Estudantes aproveitaram para fazerem atividades de integrações culturais, esportivas e grande parte do evento usaram para apresentar trabalhos científicos (semelhante hoje ao CBICCA - Congresso Brasileiro de Iniciação Científica em Ciências Agrárias). Do segundo congresso em diante começaram a surgir discussões e propostas com relação a qualidade de ensino agrícola, Reforma Agrária, etc. Se fez paralelo, no final da década de 50, Seminários sobre Ensino Agrícola.

O DCEAB sofreu duros golpes durante o regime militar, onde a exemplo da União Nacional dos Estudantes (UNE) e outros Movimentos Sociais Populares, em 1968 caiu na clandestinidade, através do Ato Institucional número 5 (AI-5). Este decreto proibiu a reunião de pessoas para fins políticos. Ocorreu ainda, prisão de líderes estudantis e o roubo dos materiais de arquivos. As atividades dos Estudantes de Agronomia foram quase totalmente interrompidas entre os anos de 1968 e 1971. O Movimento Estudantil da Agronomia, porém, não foi dispersado como um todo.

Continuou organizando-se escondido por causa da repressão. E nisto, outros cursos tiveram dificuldades de se encontrarem. Com a UNE foi ainda mais rigoroso, pois qualquer mobilização era super vigiada e isto não dava condições de se mobilizar. Em 1972 realizou-se o 15º Congresso Nacional dos Estudantes de Agronomia - 15º CONEA, em Santa Maria/RS. Neste evento se retoma o Movimento a nível nacional, com a criação da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil - FEAB. A FEAB parece ter início, numa história “corporativista”, específica de sua área. Discutia muito fortemente as questões relativas ao curso, formação profissional, outras questões “corporativas” que os Estudantes queriam, sobre o que fazer no seu emprego e até mesmo onde trabalhar.

Claudinei Chalito

O curso de Agronomia era formado por Estudantes que na sua maioria vinham do meio rural, sendo eles vinculados a grandes proprietários rurais, pequenos agricultores, técnicos em agropecuária, ou outros que tinha certa contestação social. Com este perfil de discussão mais específica (formação profissional, pesquisa em Agronomia, modelo da agricultura brasileira) não ficava apenas no ponto em discussão, mas se globalizava de forma mais ampla no contesto social. Com isso se provocou toda a explosão que veio se expressar nos anos 80, só que a origem disso se deu nos anos 70 com a discussão das questões específicas. Outros pontos que contribuíram em muito foi a estrutura descentralizada da FEAB. Exemplos disso, são a AGRONOMÍADES, Congresso Brasileiro de Iniciação Científica em Ciências Agrárias (CBICCA), Congresso Nacional dos Estudantes de Agronomia (CONEA), Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa (EBAA) e mais tarde (após 89) o surgimento dos Núcleos de Trabalho Permanente como consequência da prática descentralizada e ainda, as coordenações na forma de colegiado.

O Movimento Estudantil passou a se desenvolver segundo uma concepção própria de movimento. Os temas que vieram ser desenvolvidos após o final da década de 70 e início dos anos 80 foram principalmente: Agricultura Alternativa, Iniciação Científica, Currículo e Formação Profissional, tendo continuidade os fóruns esportivos e culturais.