I Encontro dos Ex- FEAB.

I Encontro dos Ex-FEAB: Brasília, 02 e 03 de Junho de 2012.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Solange Ikeda Castrillon

Solange Castrillon

Vim do Paraná para Mato Grosso em 1974 após uma grande geada. Cresci em Rondonópolis quando a soja vinha chegando também. Então além de viver no Paraná em uma pequena chácara, onde se plantava rosas, morangos e com lembranças de vender caqui na porta de uma fábrica de café, tive a oportunidade de ao chegar a Mato Grosso, conhecer as frutas nativas: mangaba, gabiroba, jatobá, na época da semana santa os marolos, isso junto com os filhos da terra. Lembro de duas crianças, meus amigos Nivaldo e Nair descendentes de bororos, que os pais já trabalhavam em fazendas. Lembro que meu pai fez uma horta, fomos vender tomate e melancia na feira era tanto que depois tínhamos que sair distribuindo para todos conhecidos.
Entrei no curso de Agronomia em 1986, na UFMT em Cuiabá.  Era uma mistura de insegurança, sonhos e vontade de continuar uma vida ligada à terra. Perdi-me nas disciplinas (onde não conseguia relacionar minha história de vida, com os conteúdos e a prática pedagógica) e me encontrei na militância: ainda novata em 1988 assumimos a FEAB (era a menina do grupo) no CONEA de Piracicaba, mas já tinha ido à Belém e Curitiba, onde me encantei com outros jovens lideranças do movimento e que levavam à sério a conjuntura política do momento e o papel que os estudantes de agronomia tinham naquela sociedade pós ditadura militar. Ainda na FEAB, assumi  a presidência do DCE/UFMT em 1988, neste cargo passei pela experiência de durante a Greve Geral chamada pela CUT de ser espancada pela polícia na hora da manifestação, sei que não foi nada perto dos torturados na ditadura, mas confesso que faria tudo de novo em relação ao movimento estudantil, mas nesta hora gostaria de que nenhum de nós estivéssemos em frente ao Banco do Brasil.
Em 1990, fiquei travada no curso de Agronomia entre conteúdos e práticas que não acreditava que estava colaborando com minha formação, acho que depois de ter participado dos EBAA- Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa esperava mais, algo que me ligasse à raiz, dos meus pais e avós ligados a terra. Sentia-me doente e com uma crise existencial, mudei de vida, de cidade, de curso. Fiz Biologia (tudo de novo, 4 semestre de disciplinas iguais) em seguida mestrado no INPA (instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) em Biologia Tropical e doutorado em Ecologia e Recursos Naturais.
Atualmente sou professora na Universidade do Estado de Mato Grosso. Com relação ao sonho de juventude fiquei feliz de tempos atrás, já no governo Lula, ter orientado  estudantes que trabalharam em assentamentos  no Curso de Especialização  em Residência Agrária (financiado pelo Pronera/INCRA), me lembrei das madrugadas onde os estudantes de agronomia ainda em reunião diziam que era preciso pensar um currículo diferente, sonhávamos: se o curso de medicina tem Residência Médica, quem sabe um dia teremos Residência Agrária e um modelo de agricultura sustentável, com profissionais preparados. Fazer parte do movimento dos estudantes de agronomia certamente determinou minha vida profissional e a decisão de continuar na militância onde quer que esteja.

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